Testemunho do irmão Orlando
Paulo Correia Reimão
da Assembléia de Deus de Vila
Gumercindo - São Paulo - SP
Antes quero deixar claro que
o objetivo desta não é difamar ou prejudicar (principalmente o pastor), mas se
deve ao fato de eu amá-lo, como também às Assembléias de Deus. O motivo é
despertar e sanar problemas que ocorrem constantemente, não vindo esta igreja a
se tornar cega.
Na revista Pentecostes nº 20 na entrevista ao pastor Israel
Sodré, expressões como: "unificação da igreja"; "unificação melhor em termos
gerais em nosso ministério"; "Certos costumes não condizem com a Palavra de
Deus" e principalmente o título "Revendo nossa liturgia" me deixaram mais
animado a lhe escrever esta.
Sou vítima da acepção da intolerância da divisão que os
costumes provocam, diferente da doutrina sadia que une. Está mais do que na hora
de rever determinados conceitos, pois assim como a tradição fica acima da Bíblia
na igreja católica, determinados pastores estão colocando os usos e costumes
(=Dogmas) acima da doutrina sadia da Bíblia. E a liderança desta igreja que sabe
muito bem disso faz-se omissa, politicamente correta, deixa pra lá, para não
magoar os mais antigos, vai empurrando com a barriga até que naturalmente tudo
se renove, porém lembre-se:
"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete
pecado." (Tiago 4.17)
Permita-me contar a minha história, porque em nome
dos usos e costumes FUI IMPEDIDO DE SER BATIZADO.
Aceitei Jesus em Novembro de 1998.
Me candidatei ao Batismo nas águas que se realizou em
25/06/2000.
Depois de anunciada minha decisão ficou marcada uma
"palestra" entre os candidatos ao batismo e o Co-Pastor (porque o Pastor estava
viajando) isto foi uma semana antes da data prevista para o batismo.
Esperava eu que nesta "palestra", tratasse-mos sobre a
Declaração de Fé (Credo) das Assembléias de Deus, como por exemplo:
a.. Cremos em um só Deus ...
b.. Cremos na inspiração verbal da Bíblia
Sagrada ...
c.. Cremos no nascimento virginal de Jesus
...
d.. etc ...
A "palestra" começou bem , fomos esclarecidos que:
a.. O batismo é para os que se converteram e
não para os que vão se converter;
b.. Devemos obedecer pai e mãe e a liderança
da igreja;
c.. Devemos participar de todas as
atividades da igreja: Culto de oração, culto de doutrina, etc...;
d.. Perguntou se concordávamos com o dízimo;
e.. etc...
Por último o Co-Pastor nos perguntou se usava-mos bermuda e
se jogava-mos futebol. Respondi que sim.
Perguntou então se depois do batismo continuaríamos a usar
bermuda e jogar futebol. Esclareci que eu era sensato o bastante para não vir de
bermuda ao culto, mas que fora isso na ocasião certa, assim como nos momentos de
lazer continuaria a usar bermuda. Quanto ao futebol eu não gosto de jogar, nem
de assistir futebol, mas não concordo que a prática desse esporte assim como de
outros venha a me fazer mal a não ser que eu venha a ser dominado por ele, mas
afinal estamos falando de cristãos sensatos e conscientes que somos. Isso, para
mim, concluí trata-se de doutrina de homens e não de doutrina
de Deus.
O Co-Pastor disse que não se tratava de doutrina de Homens,
mas que é bíblico, conforme Deuteronômio 22.5: "Não haverá
trajo de homem na mulher, e não vestirá o homem veste de mulher. Porque qualquer
que faz isto abominação é ao Senhor teu Deus".
Respondi que não tinha intenção nenhuma de usar roupas de
mulher.
O Co-Pastor decidiu esperar o Pastor retornar de viajem, o
qual retornaria na sexta-feira anterior ao Domingo de batismo.
Era sexta-feira, dia 23/06/2000 e lá estava eu no Culto de
Doutrina. O Pastor havia voltado de viajem e eu estava ansioso porque
provavelmente após o culto iríamos continuar a "palestra" sobre o batismo. Desta
vez com o Pastor.
Mas logo o culto começou e o pastor mudou de idéia. Ao invés
de deixar para o final e falar especificamente com os candidatos, ele resolveu
chamar os candidatos à frente da congregação. Dentre os candidatos estava meu
irmão de 19 anos e mais duas meninas menores de 18 anos.
Sendo eu o mais velho (33 anos) o pastor começou por mim.
Perguntou-me se era minha decisão batizar-me. Disse que sim. Perguntou-me se era
conhecedor da doutrina bíblica. Disse que sim. E perguntou-me se eu
concordava que não poderia mais usar bermuda. Disse que não.
a.. Como? - indagou o pastor
-Você não disse que concordava com a doutrina da igreja?
b.. Eu concordo com a doutrina da
Bíblia, não com a doutrina dos homens, respondi.
Então o Pastor citou 1Coríntios 11.16:
"Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as
igrejas de Deus".
Respeitosamente pedi a palavra (mas não me foi dada a
oportunidade), porque gostaria de explicar que não era minha intenção contender
com ninguém. Eu estava expondo minha convicção da fé que defendo e professo,
baseado na bíblia. Que não fui eu quem escolhi aquela hora para falar sobre o
assunto. Eu não poderia era fingir que mudei minha maneira de pensar, só porque
estava na frente de toda a congregação. E justamente para que não houvesse
contenda, preferi ficar calado e ouvir o que tinham pra dizer.
O Pastor então pediu a opinião dos obreiros que estavam no
púlpito e pediu que a igreja também se manifestasse, e não deixasse para
cochichar depois, mas se havia alguma coisa a dizer que fosse dita.
Logo um obreiro se levantou não concordando com o batismo, já
que eu não concordava com a abstenção da bermuda.
Já que não me era dada a palavra, pedi ao Co-Pastor que lê-se
Colossenses 2.20-23 que têm como título "A obediência a
tais práticas não vence o pecado" e ele leu ao microfone:
"Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos
do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo,
tais como: não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem
pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na verdade,
alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina
do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da
carne".
(O versículo 22 está em concordância com Is 29.13)
Ao terminar de ler os versículos acima o Co-Pastor, o Pastor
e outro obreiro se levantaram em coro para dizer que eu não tinha interpretado
direito o sentido destes versículos e que eu estava redondamente equivocado. Mas
no entanto, não explicaram qual era então o sentido correto da interpretação dos
mesmos.
O Pastor perguntou mais uma vez se alguém tinha mais algo a
dizer. Levantou-se um outro obreiro que disse que a igreja precisava parar e
refletir na atitude que eu estava tomando, sendo sincero. Que enquanto
muitos ao serem questionados, mentem para ser batizados, eu estava sendo
verdadeiro.
O Pastor disse que não era bem assim, e mais uma vez pediu
que a igreja se manifestasse.
O superintendente da Escola Dominical se pronunciou
dizendo:
- Pastor dependendo da circunstância não há problema
nenhum em usar bermuda, o jovem não está querendo afrontar ninguém.
- Circunstância?! - disse o pastor. -Não há
circunstância que justifique o uso de bermuda em hipótese alguma! Nem se o
sujeito tiver suas pernas cortadas pelos joelhos, não justifica o uso de
bermuda.
O Co-Pastor aproveitou para dizer:
- Se liberarem a bermuda eu serei o primeiro a usar,
depois não venham achar ruim.
Perguntou-me então o Pastor se eu não ia mudar de idéia
quanto a usar bermuda, eu disse que não.
- Meu filho não troque sua salvação por uma coisa tão
pequena. (Ele mesmo admitiu ser uma coisa tão sem importância, mas ao mesmo
tempo impedia o meu batismo).
Um dos irmãos se levantou e disse:
- Sou um homem casado, para conviver bem com minha esposa
eu tenho que ceder um pouco e ela tem que ceder um pouco também. O irmão deveria
ceder um pouco para conviver em harmonia com a igreja.
Na hora não me foi dada a oportunidade mas assim que a tive,
em particular, respondi-lhe que:
- Já cedi na minha parte, abandonando as coisas do
mundo.
Continuando, o Pastor (que usa bigode) disse que muitos
estão usando cavanhaque, o que ele acha muito errado, nem barba nem cavanhaque
pode ser usado. Só pode usar bigode e se for bem cuidado. Não acreditei no que
ouvi! Cadê a base bíblica pra isto?
E o Pastor continuou, contando que, recentemente uma moça que
cortou o cabelo, e que por causa de ter cortado o cabelo, ficou endemoninhada .
(Não sei se o pastor sabe, mas suas filhas também cortam o cabelo, nem por isso
estão endemoninhadas) .
E a mulher não pode usar calça em hipótese alguma, a não ser
que seja obrigada a usar na escola ou no trabalho, fora isso não pode .
- E por fim o que o irmão decide? Perguntou-me
o pastor.
- Vamos continuar orando eu por vocês, vocês por mim. E,
se a igreja concordar, gostaria de continuar fazendo parte desta igreja até que
chegue o momento certo de me batizar.
O meu irmão que também pensa da mesma maneira, também decidiu
assim.
A igreja concordou.
O Pastor concordou e eu estou orando e esperando até
hoje.
Você pensa que terminou ?
Como não podia deixar de ser, ao final do culto (pois isto
ocupou o tempo inteirinho de culto) é que vem os comentários daqueles que deixam
pra falar depois.
Muitos murmuravam que por causa de mim ocupou-se o tempo todo
e não houve culto.
Um irmão me disse:
- Há muitas igrejas por aí se você não concorda com esta
pode procurar outra.
Pedi que ele lê-se 1Co 11.19:
"E até importa que haja entre vós heresias, para que os
que são sinceros se manifestem entre vós".
Um outro irmão me disse que ele jogava futebol profissional e
desistiu, para parar de usar bermuda.
a.. O senhor disse que era
profissional? Indaguei-o.
b.. Sim.
- Mas o Pastor falou que profissionalmente a mulher pode
usar calça, então o homem também pode usar bermuda,
profissionalmente, concorda ?
- Sim mas é que além disso há no futebol uma disputa
muito acirrada e desleal pelo poder, onde um quer sempre levar vantagem sobre o
outro, e para isso eles são capazes de fazer de tudo pra passar por cima de
você.
- Meu irmão - respondi - isso eu
enfrento no dia a dia do meu emprego. Assim como deve acontecer com muitos aqui
inclusive, creio eu, acontece também entre alguns obreiros.
(Falei isso e me lembrei de alguns obreiros que me apontaram
o dedo dizendo que eu estava errado e no entanto eu conheço o lado negro de sua
vida particular, mas jamais usarei isso como arma, pois quem sou eu pra julgar
alguém).
Ao chegar em casa foram muitos os telefonemas de irmãos e
irmãs, que estavam no culto e outros que não estavam, mas que ficaram sabendo do
que aconteceu.
Todos nos davam apoio, a mim e ao meu irmão para que não
desistíssemos, (com receio que abandonássemos a igreja). Muitos começaram a
contar (os podres) as coisas erradas que faziam aqueles obreiros que me
apontaram o dedo dizendo que eu estava errado.
Outros disseram que concordaram com tudo para ser batizados,
mas continuaram usando bermuda, mulheres que continuam usando calça, cortando e
tingindo os cabelos, mas que gostariam de ter tido nossa coragem de ser
sinceros, mas se sentiram coagidos a aceitar tudo só para serem batizados.
Lembrei-me então que eu havia comprado o livreto "Nossas
Doutrinas Básicas" das Assembléias de Deus e ao ler este livreto encontrei uma
doutrina que condiz com a Sagradas Escrituras e não uma doutrina de homens. Em
nenhum momento se fala de Usos e Costumes. Seria então esta uma questão
regional, em que o pastor decide o que é certo e o que é errado?
No Domingo estava eu de volta à igreja, no culto em que
muitos se espantaram por me ver ali, pois demonstravam claramente ao me
cumprimentar que achavam que nunca mais eu retornaria. A estes eu dizia que
não vim ao culto para agradar ao homem, mas para adorar a Deus.
E continuo orando pela sensatez dos líderes desta igreja para
que não se omitam mais e que revejam todas estas hipocrisias que são muitas nos
púlpitos das igrejas. Ou então assumam e façam como Davi Miranda escrevendo num
livrinho todos os usos e costumes do qual deve concordar aquele que quiser ser
membro da igreja. Vocês não podem é continuar em cima do muro vendo o circo
pegar fogo! Assumam uma posição, ou por outro lado, mudem a forma do apelo,
porque no apelo claramente se houve dizer:
- Eu estou te convidando a aceitar, não uma religião, mas
a Jesus Cristo como único e suficiente salvador.
Foi com esse apelo, que até hoje se faz, que eu aceitei a
Jesus Cristo e não a um conjunto de regras feitas pelos homens.
Contudo não quero julgar o Pastor nem os obreiros, pois eu
tenho perfeita consciência de quão falho é o homem. Mas eu quero que vocês
percebam como está o coração daqueles que vocês estão batizando, e como a
aparência exterior está em alta no conceito de muitos líderes.
Veja 1Sm 16.7:
"Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua
aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque eu o rejeitei; porque o
Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos
olhos, porém o Senhor olha para o coração".
Como não podia deixar de ser, para não ser acusado de
insubmissão, perguntei ao Co-Pastor que disse que eu não tinha entendido
corretamente a passagem de Colossenses 2.20-23, qual era então
a interpretação correta, durante dois meses ele se esquivou de me responder até
que um dia ele respondeu:
"-Vamos continuar
orando".
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