DANIEL NA COVA DOS
LEÕES
"Todos os
príncipes do reino, os prefeitos e presidentes, capitães e governadores tomaram
conselho, a fim de estabelecerem um edito real e fazerem firme este mandamento:
que qualquer
que, por
espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus ou a qualquer homem e
não
a ti,
ó
rei, seja lançado na cova dos leões. (...) Daniel, pois, quando soube que a
escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas
abertas da banda de Jerusalém),
e três vezes
no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu
Deus,
como também
antes costumava fazer". (Daniel
6:7,10)
Daniel era um homem de oração, e ninguém
pode negar isso. Seu testemunho, sua vida exemplar, inspirava confiança,
estimulava a crer num Deus vivo que pode todas as coisas. Seria inaceitável
associar um homem como Daniel a um espírito de rebeldia, de desobediência, de
insubordinação. Este era verdadeiramente um homem de Deus! Só que tudo isso
parece muito confuso diante deste novo edito do rei: está proibido a petição a
qualquer deus, ou a qualquer homem, que não fosse ao rei. Daniel não obedeceu. E
era só por trinta dias! Os príncipes ciumentos haviam armado uma cilada para
Daniel, sabendo que ele orava três vezes ao dia. Agora o decreto do rei tinha
que ser cumprido.
Será que Daniel não sabia das ordens de
"honrar ao rei" como era conhecido de todos e até na própria
escritura sagrada? Será que Daniel não sabia que "o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor é do
que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o
porfiar é como iniqüidade e idolatria" (1 Samuel
15:22,23)? Será que Daniel não era exemplo para o que Pedro ordenou na
Palavra de Deus em 1 Pedro 2:13: "Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana por amor do Senhor,
quer ao rei, como superior"??
Sem dúvidas que este Beltessazar (nome dado
a Daniel pelo chefe dos eunucos) sabia de suas obrigações e de sua submissão ao
rei. Conhecia as Escrituras e era temente a Deus. Daniel não era covarde, como
alguns de nossa contemporânea sociedade, que se acham corajosos e ousados com os
pobres, simples e humildes, mas que diante dos mais abastados, dos que tem um
certo poder aquisitivo elevado, fingem não ver o erro, fazem vista grossa ao
pecado, e toda a sua autoridade, ousadia e fé vão por água abaixo! Daniel não
fazia média, bajulando poderosos, para depois dizer que "recebeu
bênçãos", de iníqüos, incrédulos, mentirosos, aliados do diabo. Daniel não
era rebelde, mas seu compromisso primordial era com Deus.
Pedro e João, diante do sinédrio, não foram
exemplo de rebeldia, mas de compromisso com a seara do Senhor, de pregar o
evangelho da salvação: "E, chamando-os,
disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus.
Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante
de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus, porque não podemos deixar de falar
do que temos visto e ouvido". (Atos
4:18,19)
Estes exemplos nos mostram que a submissão,
a obediência, não é sinônimo de um suicídio mental, de uma auto-hipnose, de uma
obediência cega. É evidente que nenhum pastor ou líder cristão irá proibir
alguém de orar, de buscar a Deus. Mas a quantos fatores isso pode ser
relacionado, sem ser propriamente a oração?! Quantos e quantos irmãos são
amedontrados por alguns, a apenas "obedecer" e nada mais, sem
questionar? Quantas pessoas já foram suspensas, excluídas de comunhão, sem serem
ao menos questionadas, sem terem o direito de se defender, pois o que vale é uma
única voz, de quem se diz ungido!
Talvez nos dias de hoje alguns diriam até
que Daniel entrou "na prova" da cova dos leões por que foi
desobediente, rebelde, com o rei Dario. Alguns diriam que os leões só não o
comeram "pela misericórdia", mas que Deus poderia ter permitido, por
desobedecer. Quantas coisas ouviríamos de alguns crentes!
Mas Daniel não era obreiro fraudulento, não
era profeta de Acabe, nem vaso covarde, de entregar o recado de Deus com ousadia
somente para os humildes e temer os "grandes". Não era como o profeta Hananias,
que indo contra Jeremias, profetizava coisas boas para fazer uma "média". Pela
manhã o rei ouviu de Daniel a resposta do suposto "desobediente" as suas ordens:
"Oh rei, vive para sempre! O meu Deus enviou seu
anjo e fechou a boca dos leões para que não me fizesse
dano". (Daniel 6:20-21)
Seja obediente ao pastor de sua igreja.
Dentro da Palavra de Deus, à luz das Escrituras. A Bíblia nos ordena mesmo a
obedecermos aos pastores, pois eles darão conta de nós. O cristão que pensa em
fazer tudo sem conselhos de seu pastor, sem pedir permissão, com certeza
encontra a derrota rapidamente. Mas saiba que, em primeiro lugar, o seu
compromisso é com Deus. O Deus dos deuses e Senhor dos senhores!
"Porém,
respondendo Pedro e os apóstolos, disseram:
Mais importa
obedecer a Deus do que aos homens". (Atos
5:29)
Denis de Oliveira é
pastor-presidente das Assembléias de Deus, Ministério Poder de Deus,
RJ