O INCRÍVEL CARÁTER
DE
ELISEU NA CURA DE
NAAMÃ
"Veio, pois,
Naamã com os seus cavalos e com o seu carro e parou à porta da
casa
de Eliseu.
Então, Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vai, e
lava-te sete vezes
no Jordão,
e a
tua carne te tornará, e ficarás purificado". (2 Reis
5:9,10)
Esta passagem é uma das mais conhecidas e
mais pregadas no meio do povo evangélico. Também tema das inúmeras "campanhas"
nas igrejas pentecostais. E, justamente por isso, nos concentramos tanto no
fator "cura divina" operada neste siro, que deixamos de
observar detalhes importantes que nos trazem grandes lições. Uma destas lições é
o caráter exemplar de Eliseu, que nunca se deixou influenciar por pessoas de
posição social relevante. Naamã era o comandante do exército do rei da Síria. Um
homem importante, pois por meio dele o Senhor deu vitória aquela nação. Era um herói
de guerra. Algum outro profeta talvez estivesse preocupado com todo o aparato
para receber este homem, que a própria bíblia diz ser homem "valoroso" (2 Reis 5:1) Mas
Eliseu, sem se preocupar com quem era ou deixava de ser, apenas "enviou um
mensageiro", como relata o versículo acima, para dar o recado a Naamã. Se
ele fosse lá mergulhar, amém. Se não fosse, azar o dele!!!
Vemos a mesma atitude simples de Eliseu
quando ele não mostra nenhum tipo de bajulação a mulher sunamita, que era uma
mulher grave (significa rica) que o via passar por ela.
"E ela disse
ao seu marido: Eis que tenho observado que este
que
passa sempre
por nós é um santo homem de Deus". (2 Reis
4:9)
Não era a primeira vez que Eliseu passava
perto desta mulher e seu marido. Ele já estava na observação da sunamita.
"...que passa sempre por nós..." Eliseu não adiantou
nenhum tipo de bajulação pelo motivo dela ser rica. Não ficava
arreganhando a cara como se ali estivesse algum motivo mais importante para isso
do que no mais pobre. Eliseu não estava nem aí se ela fosse rica, milionária,
bilionária, dona-do-mundo, mas "passava" por ela e seu esposo, com sua
vida dedicada a Deus, saudando normalmente a todos, e isso despertou a atenção
da mulher sunamita na vida sem interesses da parte do profeta.
Alguns, nos dias de hoje, vêem um homem
incrédulo, sem Deus, mentiroso, leproso espiritualmente, coloca em cima do
púlpito, e ainda coloca a igreja de pé para recebê-lo. Meus irmãos, Nicodemos
era um dos principais dos judeus, e de noite foi ter com Jesus, e adiantou uma
gracinha, um elogio pra fazer uma média: "Sabemos que és mestre vindo da parte de
Deus". Jesus cortou o barato dele e respondeu:
"Na verdade, na verdade te digo que aquele que
não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus".
(João 3) Para ele, um dos principais, de posição entre os
judeus, não seria uma vergonha?! "Nicodemos
respondeu e disse-lhe: Como pode ser isso? Jesus respondeu e disse-lhe: Tu és
mestre de Israel e não sabes isso?" (João
3:9,10) Eliseu já tinha este caráter!
Quantos profetas nos dias de hoje, ouvem um
elogio, e se derretem as palavras macias da hipocrisia. Basta dizer:
"-O irmão fulano é um homem de
Deus". Pronto. Acabou o profeta! Ainda que ele tenha algo
de exortação, correção, advertência, para esta pessoa, o fará bem em particular,
com muito cuidado. O que ele não faria com outro. Eliseu não era covarde, como
alguns, que se acham corajosos e ousados com uns, mas que diante dos mais ricos,
dos que tem um certo poder, fingem não ver o erro, fazem vista grossa.
Não estou dizendo que não se deve respeitar
a autoridade. Não é isso que prego. Respeite as autoridades, pois é bíblico:
"Toda alma
esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha
de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem
resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre
si mesmos a condenação". (Romanos
13:1,2)
O que deve se refletir é sobre a posição
social ou financeira de algum irmão estar acima da obra de Deus, de comprar a
autoridade espiritual do profeta, fazer temer o que serve a Deus de entregar uma
exortação. De se ter coragem e autoridade para humilhar o mais pobre, e diante
da mesma situação com o mais rico usar parâmetros diferentes. Deus não faz
acepção de pessoas. O cristão, o profeta, o líder, não pode ter duas caras, duas
atitudes, usar de dois pesos e duas medidas.
"Porque, se
no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes
preciosas, e entrar também algum pobre com sórdida vestimenta, e atentardes para
o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de
honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu
estrado, porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos
fizestes juízes de maus pensamentos? ...Mas vós desonrastes o pobre. Porventura,
não vos oprimem os ricos e não vos arrastam aos tribunais?
(Tiago 2:2-4,6)
Denis de Oliveira é
pastor-presidente das Assembléias de Deus, Ministério Poder de Deus,
RJ